Nos dois últimos dias do VII Congresso Nacional de Educação Católica foram realizadas quinze salas temáticas com temas essenciais para a educação católica — desde o cuidado com a saúde mental, novas tecnologias, diálogo família-escola, gestão da Educação Superior, evangelização na pastoral das escolas e muito mais.
A primeira sala, conduzida pelo escritor e psicólogo Rossandro Klinjey, abordou a relação entre a escola e a família, que deve se basear em um “diálogo constante” e no “acolhimento”. “A família não é um inimigo a ser combatido, mas é um índice fundamental da escola a ser acolhido. E as escolas precisam saber dar limites a suas famílias, para que elas possam entender que os valores que a escola tem são inegociáveis”, ressaltou.

Na segunda sala, os congressistas acompanharam a palestra da psicóloga Francine Porfírio, sobre o ensino religioso, que deve ir além da transmissão de conteúdos doutrinários. Ela destacou que o currículo deve contribuir efetivamente na “superação da intolerância e na promoção do diálogo inter-religioso e intercultural. Entre os materiais que embasam sua abordagem, a psicóloga citou a coleção Cadernos Pedagógicos para o Ensino Religioso.
A questão da saúde mental foi tema da terceira sala com o psicólogo Aldo Roldão. De acordo com ele, a escola católica tem muito a oferecer além de uma instituição de ensino, em especial como espaço de cuidado, fé e esperança. “Recuperar a importância do contato humano, da escuta atenta e da presença real — não apenas física, mas afetiva e acolhedora — é essencial para qualquer escola que deseja cuidar de verdade”, disse.
O especialista em estratégias de desenvolvimento de negócios e inovação no setor educacional, Christian Coelho, conduziu o tema sobre “concorrência e estratégias de mercado para a educação católica”. Segundo Coelho, “as tendências de mercado mudaram muito nos últimos anos”. “A concorrência aumentou, a entrada de players no mercado também, com o objetivo de comprar escolas católicas, tem afetado o mercado confessional. Propus indicações para desenvolver e para ter um crescimento sustentável”, disse.

A palestra “Gestão do CEBAS” foi conduzida pela Liliane Pellegrini e Luciana Fernandes. Na sala cinco, elas abordaram os “desafios administrativos e legais de uma gestão eficiente” e reforçaram que o CEBAS “fortalece o compromisso das instituições educacionais com a oferta de ensino gratuito e de qualidade”.
O financiamento e gestão da educação superior foi apresentado por Márcio Sanchez, professor da FGV. Ele ofereceu um panorama das principais tendências do setor e propôs caminhos possíveis para lidar com os desafios atuais e futuros. “As instituições precisam se preparar para oferecer gratuidade parcial com recursos próprios. Nesse sentido, as instituições confessionais, como as católicas, têm uma vantagem competitiva por serem filantrópicas”, explicou.
Já na sala 8, o professor Alexandre Nicolini, discutiu os novos marcos regulatórios das licenciaturas e da educação à distância (EaD), com base na recente portaria apresentada pelo Ministério da Educação (MEC). As mudanças visam garantir maior rigor na avaliação das instituições, flexibilidade curricular e aprimoramento das metodologias de ensino, reforçando o compromisso com a formação de profissionais qualificados e alinhados às demandas do mercado. As instituições de ensino superior já se preparam para as adequações necessárias, visando atender aos novos critérios e continuar oferecendo educação de excelência.
A palestra de Vidal Martins, intitulada “Lifelong learning, soft skills, educação híbrida, IA: o que as tendências do Ensino Superior 5.0 dizem do nosso presente e do nosso futuro”, apresentou uma nova perspectiva sobre essas questões à luz da missão formativa das instituições confessionais. “A compreensão desse conceito passa pela comparação com os movimentos anteriores […] e pela análise dos desafios da sociedade 5.0”, afirma.

O tema “Educar para a fé” no contexto educacional foi conduzido pelo Padre Charles Lamartine. Na ocasião, o sacerdote reforçou a definição de fé, com base no Catecismo da Igreja católica e propôs uma reflexão sobre como “vivemos e educamos a fé nos ambientes escolares e universitários”. “As instituições educacionais católicas devem cultivar ambientes onde todos se sintam reconhecidos, acolhidos e desafiados a crescer”, ressaltou.
A integração entre a dimensão pastoral e a proposta pedagógica nas escolas confessionais foram debatidas na palestra “Diálogos pedagógicos-pastorais: currículo evangelizador e aprendizagem-serviço”, ministrada por Gregory Rial e Roberta Guedes. Eles abordaram como a aprendizagem-serviço pode tornar-se uma metodologia concreta para articular fé e vida no cotidiano escolar.
Na sala doze, Joaquim Alberto Silva, abordou o tema “Profissionalização da Pastoralidade em ambientes educativos”. De acordo com ele, a pastoralidade não pode ser confundida com “trabalho de favor” e deve ser muito maior do que apenas “um local para rezar”. “Profissionalizar a pastoralidade tem a ver com planejamento, com estratégia, exigindo a criação de indicadores e o acompanhamento contínuo do que se realiza nesse campo”, reforça.
A pedagoga Adriane Menezes apresentou os desafios dos gestores, educadores e comunidades escolares na “Inclusão e diversidade” no ambiente escolar. “Educação Católica pode promover a inclusão como expressão da dignidade humana, articulando políticas públicas, justiça social”, afirma. Para as instituições confessionais, este é um chamado a repensar políticas e práticas institucionais à luz do Evangelho e da doutrina social da Igreja.

Os avanços tecnológicos e os seus desafios no contexto educacional foi tema da palestra do conselheiro de Educação, Israel Batista. Ele propôs uma reflexão sobre como a escola pode se posicionar diante da crise de credibilidade nas informações e da manipulação digital. “Nós estamos falando de um momento de disrupção tecnológica com uma tecnologia de propósito geral que vem para abalar as estruturas do relacionamento humano e a escola precisa estar preparada para isso”, disse.
Por fim, a última sala temática discutiu a ecologia integral com base na encíclica Laudato Si’, escrita pelo Papa Francisco. A ambientalista Aleluia Heringer destacou que, embora muitos avanços tenham ocorrido em termos de discurso, a prática ainda está aquém do necessário. “A Laudato Si’ não é uma carta sobre meio ambiente, mas sobre um novo modo de habitar o mundo”, afirmou.