VI CONGRESSO NACIONAL DE EDUCAÇÃO DA ANEC

Alfabetização para o futuro e para o mundo que está em constante transformação

O futuro do trabalho e o impacto na educação foram tema da última conferência do segundo dia do VI Congresso Nacional de Educação Católica, realizado pela Associação Nacional de Educação Católica do Brasil (ANEC). O professor Luciano Sathler, membro do Conselho Deliberativo do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), apresentou pesquisas e tendências acerca do futuro do ensino.

O professor defende que estamos em um momento único da história. Para ele, o futuro nunca esteve tão presente como agora. “A vida parece que está mais acelerada e isso traz o futuro muito rápido, para hoje. Ele já chegou”, comenta. “Eu não acredito que o futuro exista. O que eu acredito é que nós temos condições de construir um futuro diferente”. 

Segundo Luciano, as pessoas precisam se alfabetizar para o futuro, ou seja, entender melhor o papel que o futuro desempenha no que elas vivenciam e fazem. É preciso se educar, para construir um futuro diferente.  “E se nós estamos falando de educação cristã e católica, nós só temos uma possibilidade em relação a isso. Nós temos que construir um futuro que possa incluir, que exista poesia, com beleza, com o bom, que a gente inclua o diferente, um futuro mais humano”, afirma. 

A inteligência artificial (IA) generativa vai realizar uma revolução no mundo trabalho de uma maneira mais profunda, rápida e abrangente do que a internet. Sathler aponta que as escolas se achavam imunes à automação das profissões. “Vale ressaltar que nós não seremos substituídos por uma inteligência artificial, nós podemos ser substituídos por alguém que saiba usar bem a IA. Isso vale para escola, associação e para o indíviduo”, diz. “Portanto, o único remédio que nós temos contra a IA é a nossa humanidade. Nós só temos essa possibilidade. Humanizando as salas de aulas, as nossas relações. É fazendo aquilo que fomos chamados pela nossa vocação, humanizar”.

A metodologia nas escolas deve mudar e focar cada vez menos no expositivo e cada vez mais no protagonismo. Deve-se desenvolver outros tipos de capacidade. “Nós estamos desalinhados enquanto escola. Estamos desalinhados desse mundo do trabalho que já chegou e está chegando, cada vez mais focado no imediatismo, micro trabalhos, vínculos múltiplos e simultâneos e outros”. 

O socioemocional ditará o futuro do trabalho

Luciano apresentou uma pesquisa suíça sobre o futuro do trabalho e dos empregos que mostra quais são as  competências com maior demanda para 2030. Entre elas: pensamento crítico, analítico e sistêmico; letramento tecnológico; inteligência artificial e big data; curiosidade, motivação e autoconhecimento; e gestão de talentos. “Como se pode ver, no mundo do trabalho, cada vez mais com o uso intensificado da tecnologia, para as pessoas continuarem a trabalhar, elas vão precisar desenvolver competências socioemocionais”, afirma. “E ninguém tem mais capacidade de desenvolver essas competências do quem tem espiritualidade, o fundamento da ação educativa. Ela fortalece as pessoas para lidarem com o mundo que está em constante desenvolvimento. É preciso repensar o espaço do socioemocional no meu agir pedagógico. É projeto, relação e atenção”, ressalta. 

Para o professor, as escolas católicas precisam se apoiar em sua essência. “Para a espiritualidade, humanização, compaixão. E isso tem que se refletir nos métodos, nas metodologias, nos currículos, na arquitetura curricular, em tudo”, reforça. “Se nós quisermos que a nossa escola tenha sustentabilidade, nós vamos ter que preparar os nossos alunos, professores, todos os colaboradores para esse universo em transformação”, finaliza.