VI CONGRESSO NACIONAL DE EDUCAÇÃO DA ANEC

Congressistas refletem sobre espaço dos sonhos na educação

Conforme disse o poeta e escritor brasileiro Sandro Kretus, para realizar o sonho é preciso construir a realidade, tijolo por tijolo, um de cada vez. Assim é na educação. Para alcançar a escola dos sonhos, é preciso pensar nos atores envolvidos e em como fazê-lo. Este foi o tema em debate em uma das conferências que recebeu a doutora em Psicologia Escolar e educadora especialista em Tecnologia e Inovação, Lilian Bacich, na tarde do primeiro dia (29/6) do VI Congresso Nacional de Educação Católica 2023 da ANEC. A conversa, mediada por Ana Lenosvki, teve a temática: “Educação: espaço de sonhos”.

Lilian afirma que o caminho para alcançar a escola dos sonhos perpassa refletir acerca de questionamentos sobre como apoiar o estudante em sua formação integral. “Para isso, é preciso centralizar o aluno neste processo, priorizando o desenvolvimento de habilidades e competências de consciência social, autoconhecimento, habilidade de relacionamento interpessoal e, especialmente, responsabilidade na tomada de decisão – atribuição exigida na educação para o futuro”, explica. “E o educador é quem faz essa roda girar. Por isso, exerce um papel essencial neste caminhar. Precisamos, então, considerar um planejamento baseado na formação continuada do docente, valorização do conhecimento pedagógico, aplicação de métodos ativos também na preparação dos professores, bem como a participação coletiva nestes momentos”, acrescenta.

A especialista ressalta que a família também representa importante fator para o alcance da escola dos sonhos. “Precisamos levá-los para dentro do ambiente escolar para que eles vivenciem as atividades práticas que são propostas aos discentes. Isso pode ocorrer a partir de um planejamento integrado que privilegie a tomada coletiva de decisão. A escola que almejamos é ativa e participativa”, defende. Ela pontua, ainda, que é preciso compreender que as pessoas são diferentes e aprendem de formas variadas. “Assim, é necessário considerar um grau de personalização. Não se trata de individualização do ensino mas, sim, de olhar para os dados, as avaliações e ações em sala de aula e agir a partir dessas informações para pensar como esse professor vai organizar o tempo de aula para abarcar os alunos e suas particularidades”, defende. 

Tecnologia como aliada

Lilian acredita que, para alcançarmos a escola que almejamos, os espaços de aprendizagem, presencial e online, devem se complementar e não substituir-se. “A instituição não pode ser inimiga da tecnologia ou se colocar em oposição a ela, que faz parte do dia a dia dos alunos nativos digitais. Assim, é preciso aproveitar o melhor do online e da sala de aula física, considerando as especificidades de cada meio. Além disso, deve-se pensar em como conectar para fazer sentido para o estudante, família e para a comunidade escolar, desenvolvendo também a competência digital docente. O professor precisa unir o conhecimento conteudista, pedagógico e tecnológico para achar o melhor uso deste meio para que o discente aprenda mais. O digital deve ser utilizado como produtor de conhecimento, ele precisa estar presente para se produzir a partir dele, incentivando o jovem e a criança a colocarem a mão na massa”, explica. 

Para a educadora, sonhar com um espaço de ensino adequado para os estudantes da atualidade, é essencial, mas é no processo de transformar os sonhos em ação que construímos um mundo mais justo e humano. “A escola dos sonhos precisa ser um espaço de escuta e conexão entre os discentes, os docentes, as famílias, bem como toda a comunidade escolar, outras instituições de ensino público e privado e toda a sociedade”, finaliza.